quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Do tatame para a vida

Coisas que aprendi no Jiu-Jitsu:

Apesar de ainda existir muito preconceito em torno do esporte, a marginalização cultural que o Jiu Jitsu sofreu em certa época, não ofuscou completamente a essência da filosofia oriental de suas origens. 

Sou praticante da arte suave a alguns anos, pouco tempo comparado aos mais graduados. Mas esse pouco tempo têm sido uma época de aprendizado muito intenso para mim. Gostaria de listar algumas coisas que aprendi desde que comecei a treinar.

1-Não existe super-homem/mulher: A força não é o principal. Não existe ninguém invencível. Os mais inteligentes e técnicos podem simplesmente vencer os mais fortes. Pensar antes de agir é de extrema importância. É necessário desenvolver paciência sob pressão {OSS}.

2-Seja duro: Não aceite uma posição de desvantagem, nem para descansar. Se você está desconfortável, lute para sair da posição desconfortável. Não aceite que lhe imponham o que querem. Na luta e na vida existe um jogo de poder, dominação. Quem consegue impor o ritmo leva vantagem, portanto imponha seu ritmo. Corra atrás do que você quer É o seu sonho. São suas metas. Você é o único que pode realizar.

3-Seja flexível: As vezes não vale a pena insistir numa técnica que não funciona, nem sempre adianta tentar impor o jogo "na tora". Ou como diriam os mais velhos: "ceder para vencer". Quando necessário, ceda e deixe que o oponente use a força. Em algumas situações precisamos envergar para não quebrar.

4-Conheça a si mesmo: Sun Tzu disse: "Conheces teu inimigo e conhece-te a ti mesmo; se tiveres cem combates a travar, cem vezes serás vitorioso." O autoconhecimento, tanto do corpo quanto do psicológico são fatores importantes para conseguir sucesso em qualquer atividade. Aquele que não conhece os próprios limites pode excedê-los quando não precisa. E muitas vezes deixa de se superar quando necessário. Conheça a si mesmo. Conserve-se. Supere-se.

5-Hierarquia é necessária: No jiu-jitsu esportivo, nem sempre a graduação significa um nível técnico superior. Mas muitas vezes significa maior experiência e vivência em determinada área. A hierarquia deve ser respeitada. Dentro e fora do tatame. Como já foi dito, precisamos nos submeter aos outros.  É ceder para vencer. E aprender com os mais sábios.

6-Vá até o fim: Se pegou no arado. Não olhe para trás. A passagem bíblica diz tudo o que precisamos saber. Não adianta recuar quando se começou a construção de algo importante. Aquele que se arrisca e falha tem mais sucesso do que o que nunca falhou sem jamais tentar. A vida também é uma luta. Vá até o fim.

7-A dor existe: Nem tudo são flores. Nem tudo é sucesso. As lesões vêm, a dor vem. E a falta de estímulo também. Uma vez ouvi num vídeo motivacional: "você está com dor? Tire uma recompensa da sua dor". O sofrimento nunca foi motivo de recuar. Se quisermos chegar em algum lugar, ainda que machucados, precisamos mancar e nos apoiar em algo. Enfrente a dor.

8-Tudo flui: Nada permanece estático. As coisas mudam e a cada dia precisamos nos adaptar. As técnicas evoluem, o nosso corpo muda. O nível dos nossos companheiros e adversários mudam também. Como diria Bruce Lee: "Se você coloca água numa xícara ela se torna a xícara. Se a coloca numa garrafa, ela se torna a garrafa. Se a coloca num bule, ela se torna o bule. A água pode fluir, ou pode esmagar… seja como a água, meu amigo.”

9-Respeito em tempo integral: Não apenas ao Sensei ou ao mais graduado. Respeite a todo ser humano a sua volta. Somos feitos da mesma matéria. Geneticamente diferentes. Mas do pó viemos e a ele voltaremos. Não existe melhor ou pior. Existem diferentes.

10-Seja grato: Se você acredita que não somos um randomismo ou uma obra do acaso. Seja grato ao Criador. Afinal de contas, a força pra treinar veio dele, todo o pensamento e vontade também. Até a arte humana, não existiria se não houvesse a permissão e a capacidade divinamente inspirada.

Espero não ser interpretado como um novato que tenta cuspir leis a torto e a direito. Sou apenas um pensador livre tentando expressar algumas experiências.


Oss!
J. Caetano Jr.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Ecos, silêncio, paciência e graça

"Ecos e silêncio, paciência e graça

Todos esses momentos eu nunca substituirei" [Foo Fighters]

Talvez seja um pouco incompreensível pra quem nunca fez isso, talvez um pouco de loucura pra quem é acostumado à tecnologia e civilização que consomem o intelecto. Mas o silêncio de uma caminhada longa solitária é muito confortante. 

Em uma das minhas andanças de bike por ai, comecei a pensar a respeito dessas experiências. E o quão necessárias elas têm se tornado pra minha maturidade. Não se trata de nada muito complexo, não precisei de nenhuma placa de vídeo de 200Gb, nem de uma memória RAM monstruosa. Só uma bicicleta relativamente boa(de guidom torto [aceito doações]) e coragem na medida certa.

Sei que faço parte de uma geração onde muitos preferem encher a cara de álcool e perder a razão pra rir um bocado (ainda que isso envolva os tão indesejados efeitos do catabólicos). Ou sei lá... 'puxar um' pra conseguir enxergar o que é belo e relaxar. Mas sinceramente... Não me adapto.

Vejo que é necessário ampliar um pouco a consciência do ser. Viver um pouco sem todas essas bugigangas superficiais e parafernálias tecnológicas que nos empurram de goela abaixo. 

A maioria das pessoas não conseguem ficar sós, nem em silêncio, porque não tem paciência. Estão sempre esperando por algum acontecimento fantástico e feliz. Algo que os tire do tédio. Como se a vida não fosse surpreendente o suficiente. Como se ser, fosse um agonia completa. Pessoas assim só esperam o fim da estrada. Nunca aproveitam a viagem. Perdem toda a diversão. E às vezes se frustram. Às vezes também ajo dessa maneira.

Vou ser honesto, jogo videogame desde muito tempo. Mas as dores do pulso de passar a tarde jogando videogame nem se comparam com os dedos tortos das pegadas no kimono. Dói um bocado, mas com certeza, um kimono suado nas costas me faz sentir bem mais vivo do que uma tela de trocentas polegadas.

Por que então passar o dia esperando e esperando? Porque não transformar o tédio em momento de reflexão? O indivíduo que você é pode conectar-se consigo mesmo! O autoconhecimento é uma bênção. Saber os próprios limites te leva a conhecer os limites dos outros. Ter uma convivência mais saudável e uma vida mais paciente.

Quer saber qual a conclusão disso tudo? Desligue-se um pouco dessa tela, conecte com o universo ao seu redor. Talvez você entenda um pouco o que é isso.

E como disse o poeta Oswaldo Montenegro: 
"Eu gosto é que Deus cante em tudo
e que não fique mudo morto em mil catedrais"

Aproveite o dia.

Paz e FELIZ ANO NOVO,
J.Caetano Jr.


Okay... Hoje tem trilha sonora!

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Você precisa disso?

Certa vez li uma frase: "Não deixe que o comportamento dos outros destrua sua paz interior."

Pensei então: "Que conversa fiada, o comportamento dos outros sempre vai exercer alguma influência sobre o nosso comportamento. Porque no fim de tudo, somos seres sociais. As relações sociais nunca vão deixar de tirar nossa paz ou nos levar a algum outro estado de sentir".

OK, filosofei. Mas desconsiderando totalmente o princípio da individualidade. (Ok ok... alguns dirão que não podemos pensar fora da sociedade e bla bla bla... ) Mas não era sobre isso que eu queria falar.

Algumas pessoas (as vezes me incluo nesse grupo), simplesmente insistem em carregar um baú de mágoas. Outros agem como se arrancassem o coração e colocassem num baú pra não serem mais feridos(tipo o Dave Jones do Piradas do Caribe). E por incrível que pareça, ou não. Essas pessoas acreditam cegamente que precisam carregar toda essa bagagem.

Tsc tsc. Sério que você precisa carregar isso com você? E daí se as pessoas com quem você se relacionou foram todas complicadas? Existe alguém normal? E se elas foram todas (ou quase todas) mal intencionadas? Você também precisa ser mal intencionado?

Muitas perguntas não? Mas é certo que não precisamos nos vingar de nada  nem ninguém. Deixe apenas que os outros sejam como são. Não temos o controle sobre as ações de ninguém. Nem sobre o nosso comportamento temos total controle. Se elas não quiserem mudar, que o mau comportamento delas as destrua(senti cheiro de vingança).

Então faça o seguinte. Conheça a si mesmo como indivíduo. Decida não se deixar levar apenas pelas emoções. Sério, jogue fora esse baú. Será que não tá na hora de começar a pensar através da própria mente, e sentir através do próprio corpo? Você precisa mesmo disso? 

Paz,
 J.Caetano Jr.




sábado, 23 de novembro de 2013

A Flor azul



A flor azul

Entre uma noite de espasmos
E uma manhã de ansiedade.
Eu vejo em meio ao concreto cimento
A flor azul de Novalis.

A própria surrealidade
Materialização do imaginário
Ela me olha de relance, mas não me vê.
Seria o sonho realidade?

Tudo que soa tão real é sublimado
Por um sentimento dialético
Como vive e morre a fênix
E o paradoxo constante do ser

Se ela de fato está ali,
Se já se foi ou nunca esteve
Como os românticos, lamento
A ilusão há de se desfazer

Então desperto incomodado
Pois não há flor
E a que sonhei não mais habita.

J. Caetano Jr.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O horizonte


Certa vez um sábio filósofo disse: "Percebi ainda outra coisa debaixo do sol: Os velozes nem sempre vencem a corrida; os fortes nem sempre triunfam na guerra; os sábios nem sempre têm comida; os prudentes nem sempre são ricos; os instruídos nem sempre têm prestígio; pois o tempo e o acaso afetam a todos."

Pensando nos inúmeros motivos que impulsionam os homens insistirem nessa vida, flertei com o horizonte. Chamei-o, mas ele permaneceu no mesmo lugar. Não tão longe. Não tão próximo. O horizonte fascina, acena, convida. É como um cartão de visitas aos peregrinos.

Nossos objetivos são como o horizonte. Não tão longe que não possamos sonhar, não tão perto que possamos tocar. E se perdêssemos as esperanças e descartássemos as idealizações, teríamos objetivos? Talvez as idealizações sejam de alguma forma, necessárias para nos impulsionar ao tangível. O sonho, o perfeito, o sublime. Coisas que quando alcançadas não são mais que: o real, o agora, o corruptível, o imperfeito. Provando sem palavras que tanto o hoje quanto o amanhã são perfeitos e imperfeitos em si.

Por isso olhamos adiante. Mantemos os olhos no horizonte. Seguimos o relógio natural e enquanto é dia, caminhamos o quanto podemos. Porque não podemos parar nos iludindo com as glórias e as preocupações excessivas da vida. A busca da perfeição nos levará ao aperfeiçoamento. E enquanto nos mantivermos nessa linha, estaremos em equilíbrio. Permanecemos na linha tênue que separa vencedores natos de sobreviventes, grandes responsabilidades de inconsequências, sabedoria de ausência de juízo. Linha que nos equilibramos sem parar, durante toda a vida.

"Somos quem podemos ser", diz o poeta. Mas estamos sempre atrás dos sonhos que podemos ter. E ele permanece lá. O horizonte. Como algo que nos faça entender, que de mãos erguidas ou não, caminharemos. Com vitórias ou derrotas insistiremos. Sob chuva ou sol, com sorrisos ou lágrimas, com marchas ou mancadas. Estaremos mirando o horizonte. Ansiando. Progredindo.


J.Caetano Jr.




quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Finalidades

E se o que eu procuro já houvesse encontrado?
De alguma forma ainda procuraria?
E se eu soubesse o que procuro?
Teria todas as respostas?

E se a felicidade que esperamos fosse o sorriso de ontem?
E se o futuro perfeito fosse agora?
A ansiedade passaria?
Como se não houvesse  mais tempo a aguardar?

E se a liberdade a ser alcançada não existisse?
Sendo a procura o próprio ato?
Se livres fossem os que sentem que precisam ser livres?
Quem afinal seriam os escravos?

Seria loucura não ter certezas?
É metódico confiar mais nas dúvidas que nas respostas?
E se não houvessem fins objetivos nos meios?
E se no fim, os meios fossem os próprios fins? 

J.Caetano Jr.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

A libertação da matéria


Por não passar de um cão,
Um reflexo infantil.
Às sombras alheias...
Temo não ser nada além de uma consequência sem causa intencional.
Um acidente, randomismo.
Numa das muitas variáveis e combinações analíticas
Que compõem a informação genética.
Esse acaso, que persiste em sobrepor-se ao inferno de ser
Por meios tantos, supera-se.
No purgatório das palavras, fatigas, perfeição.
Progride lentamente. A cada polegada na escalada da abolição de si.

J.Caetano Jr.
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