Todos esses momentos eu nunca substituirei" [Foo Fighters]
Talvez seja um pouco incompreensível pra quem nunca fez isso, talvez um pouco de loucura pra quem é acostumado à tecnologia e civilização que consomem o intelecto. Mas o silêncio de uma caminhada longa solitária é muito confortante.
Em uma das minhas andanças de bike por ai, comecei a pensar a respeito dessas experiências. E o quão necessárias elas têm se tornado pra minha maturidade. Não se trata de nada muito complexo, não precisei de nenhuma placa de vídeo de 200Gb, nem de uma memória RAM monstruosa. Só uma bicicleta relativamente boa(de guidom torto [aceito doações]) e coragem na medida certa.
Sei que faço parte de uma geração onde muitos preferem encher a cara de álcool e perder a razão pra rir um bocado (ainda que isso envolva os tão indesejados efeitos do catabólicos). Ou sei lá... 'puxar um' pra conseguir enxergar o que é belo e relaxar. Mas sinceramente... Não me adapto.
Vejo que é necessário ampliar um pouco a consciência do ser. Viver um pouco sem todas essas bugigangas superficiais e parafernálias tecnológicas que nos empurram de goela abaixo.
A maioria das pessoas não conseguem ficar sós, nem em silêncio, porque não tem paciência. Estão sempre esperando por algum acontecimento fantástico e feliz. Algo que os tire do tédio. Como se a vida não fosse surpreendente o suficiente. Como se ser, fosse um agonia completa. Pessoas assim só esperam o fim da estrada. Nunca aproveitam a viagem. Perdem toda a diversão. E às vezes se frustram. Às vezes também ajo dessa maneira.
Vou ser honesto, jogo videogame desde muito tempo. Mas as dores do pulso de passar a tarde jogando videogame nem se comparam com os dedos tortos das pegadas no kimono. Dói um bocado, mas com certeza, um kimono suado nas costas me faz sentir bem mais vivo do que uma tela de trocentas polegadas.
Por que então passar o dia esperando e esperando? Porque não transformar o tédio em momento de reflexão? O indivíduo que você é pode conectar-se consigo mesmo! O autoconhecimento é uma bênção. Saber os próprios limites te leva a conhecer os limites dos outros. Ter uma convivência mais saudável e uma vida mais paciente.
Quer saber qual a conclusão disso tudo? Desligue-se um pouco dessa tela, conecte com o universo ao seu redor. Talvez você entenda um pouco o que é isso.
E como disse o poeta Oswaldo Montenegro:
"Eu gosto é que Deus cante em tudo
e que não fique mudo morto em mil catedrais"
e que não fique mudo morto em mil catedrais"
Aproveite o dia.
Paz e FELIZ ANO NOVO,
J.Caetano Jr.