quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Diário de Bordo#10: Nos meus jardins

Tenho visto muitas edificações inacabadas. Tenho visto muitas coisas frustrantes. Como diria Brennan Manning: "Derrotas gloriosas e vitórias desastrosas." Mas nenhum pensamento que por acaso venha tornar o meu dia melhor.

Enquanto dou umas voltas atemporais nos canteiros e jardins da minha existência, consigo contemplar tantas construções incompletas e deterioradas que chego a pensar que o caos e o acaso são seus engenheiros. Passeio por monturos de castelos de areia que o vento derrubou, por relacionamentos regularmente instáveis e pela metade. Por planos de mudança de vida para um novo ano que não passaram da primeira fileira de tijolos. Projetos de preparação e estudo para um futuro melhor que nunca saíram do papel. Algumas torres de talentos não lapidados, tão mal-acabados e sem reboco que desmerecem o potencial e altura que têm. Passo pelos sonhos tão brilhantes e solitários, rascunhados com esmero e desejo, mas que incompreendidos recebem pedradas, chutes e escarros. Tornar-se-iam monumentais ou simplesmente preciosos aos olhos do projetista. Mas a variável tempo é cruel e todo trabalho resulta de uma relação com o esforço bem direcionado.

Até quando meus jardins serão ruínas do presente? Pois dentre tantas obras inacabadas, achei uma singularmente construída, empoeirada por constantes mudanças. Edificada num alicerce diferente, sobre uma rocha desconhecida. Um altar que embora incompleto não fora abandonado. 

É bom ter esperança de que alguma construção não depende de mãos tão desastrosas e sem perícia quanto as minhas. É bom saber que todo o resto do meu jardim ainda pode ser edificado sobre esta mesma rocha desconhecida.

"Bendito o homem que confia no SENHOR, e cuja confiança é o SENHOR.
Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.
Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?"
[Jeremias 17:7-9]


terça feira, 11 de dezembro de 2012
J. Caetano Jr.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A desconstrução da utopia

A desconstrução do sonho trata de uma certa desesperança no que consiste o sonhar alguma perfeição na Terra. 

Alguém já disse: "sonhar é ansiedade". De fato, o anseio positivo ou negativo repercute no estado de espirito de quem sonha ou almeja. Estado de espirito que consiste em momento, é inconsistente e por isso não se aplica às formas ideais dos sonhos, que são constantes. O que me faz perguntar: 'Pessoas inconstantes não realizam sonhos ou sonhos são irreais?'

O sonho portanto, é ideal e formado por elementos ideais e constantes, invariáveis. O que foge à realidade da existência. Se na realidade como conhecemos, há variabilidade e inconstância. Podemos dizer que o sonho é um anseio pela perfeição fora da nossa realidade? É inútil sonhar? É possível não ansiar?

A não ser que queiramos e aprendamos a esperar com paciência a realidade que é perfeita, devemos nos contentar com a expectativa e a desconstrução de uma utopia realizada na nossa realidade desconstruída e corrompida.

O que significa que algumas coisas NUNCA vão se realizar! Porque fazem parte de uma projeção de perfeição constituída por nossos conceitos errantes terrenos. E a desconstrução de algumas dessas utopias, torna possível trazer à realidade das circunstancias ao nosso alcance, e fazer o que nos é possível. Assim, talvez alcancemos nossos sonhos.

"Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.

Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor."

[I Cor. 13: 10, 12, 13]



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