Tenho visto muitas edificações inacabadas. Tenho visto muitas coisas frustrantes. Como diria Brennan Manning: "Derrotas gloriosas e vitórias desastrosas." Mas nenhum pensamento que por acaso venha tornar o meu dia melhor.
Enquanto dou umas voltas atemporais nos canteiros e jardins da minha existência, consigo contemplar tantas construções incompletas e deterioradas que chego a pensar que o caos e o acaso são seus engenheiros. Passeio por monturos de castelos de areia que o vento derrubou, por relacionamentos regularmente instáveis e pela metade. Por planos de mudança de vida para um novo ano que não passaram da primeira fileira de tijolos. Projetos de preparação e estudo para um futuro melhor que nunca saíram do papel. Algumas torres de talentos não lapidados, tão mal-acabados e sem reboco que desmerecem o potencial e altura que têm. Passo pelos sonhos tão brilhantes e solitários, rascunhados com esmero e desejo, mas que incompreendidos recebem pedradas, chutes e escarros. Tornar-se-iam monumentais ou simplesmente preciosos aos olhos do projetista. Mas a variável tempo é cruel e todo trabalho resulta de uma relação com o esforço bem direcionado.
Até quando meus jardins serão ruínas do presente? Pois dentre tantas obras inacabadas, achei uma singularmente construída, empoeirada por constantes mudanças. Edificada num alicerce diferente, sobre uma rocha desconhecida. Um altar que embora incompleto não fora abandonado.
É bom ter esperança de que alguma construção não depende de mãos tão desastrosas e sem perícia quanto as minhas. É bom saber que todo o resto do meu jardim ainda pode ser edificado sobre esta mesma rocha desconhecida.
Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.
Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?"
[Jeremias 17:7-9]
terça feira, 11 de dezembro de 2012
J. Caetano Jr.