terça-feira, 19 de julho de 2011

Os incomparáveis sofrimentos

Uma oração

Pai, o que podemos dizer? Sentimo-nos totalmente indignos diante dos sofrimentos indescritíveis de Cristo. Lamentamos muito. Foi por nosso pecado que ele sofreu. Fomos nós que o espancamos, cuspimos nele e o ridicularizamos. Pai, nós te pedimos perdão. Curvamo-nos até o chão, e silenciamos a boca da nossa alma insignificante, perversa, mesquinha, pecaminosa. Pai, renova-nos a fé para que possamos acreditar no inacreditável. Acreditar que o sofrimento de Cristo é a nossa salvação. Abre nosso coração medroso para aceitarmos o evangelho. Desperta as partes adormecidas de nosso coração, incapazes de sentir aquilo que deve ser sentido – que somos amados com o amor mais profundo, mais forte e mais puro do universo. Concede-nos a graça de compreender, com todos os santos, a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo que excede todo o entendimento, e que possamos ser abastecidos com toda a plenitude de Deus. Luta por nós ó Deus, para que não nos tornemos insensíveis, cegos e tolos a ponto de nos deixar levar por filosofias vãs e fúteis. A vida é curta demais, preciosa demais, dolorosa demais para ser desperdiçada como se fosse uma efêmera bolha de sabão. O céu e grande demais, o inferno é horrível demais, e a eternidade é infinita para permanecermos na indecisão. Ó Deus, abre nossos olhos para a vastidão dos sofrimentos de Cristo e o que eles significam para o pecado, a santidade, a esperança e o céu. Não queremos ter a tendência de nos preocupar com banalidades. Torna-nos mais conscientes da importância da glória – a glória dos sofrimentos incomparáveis de Cristo. Em seu nome excelso e maravilhoso, oramos. Amém.

 






Um homem chamado Jesus Cristo – John Piper
Editora Vida - Cap.8  Pg.66 

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sobre: Esperança

Tenho sentido necessidade de falar sobre esperança há algum tempo. Mas para um pessimista, falar de esperança é uma das coisas mais difíceis que existem. Contudo, o Deus que eu creio, é um Deus que até aos desacreditados e desesperados dá esperança, quanto mais aos pessimistas. 


Juntando todo o conhecimento superficial que se tem a respeito de esperança, eu e alguns pensadores livres podemos concluir que esperança é esperar algo com confiança, ainda que sem provas, sem abandonar a perseverança.

É comum ouvirmos pessoas afirmando “esse mundo não tem mais esperanças”, "essa pessoa não tem mais jeito" ou coisas do tipo, e é o que realmente acontece. Não que não haja solução para as misérias do mundo, mas as esperanças, assim como a fé são mal direcionadas.


Esperar que o mundo seja transformado de uma hora pra outra em um paraíso, é pura tolice. Que algum sistema de governo implantado, ou economia, mude radicalmente as vidas das pessoas, fazendo-as felizes e realizadas é maior tolice ainda. Pode-se claramente ter esperança numa mudança de vida, em uma melhoria, ou quem sabe em um aumento de salário. Mas quando se trata de solução para o mundo, fim da violência, recuperação da essência do que somos, e salvação da própria alma; vemo-nos impotentes, e sozinhos tememos. Existe em nós uma plena consciência de que estamos caminhando para algo além da morte. E que de se existe um Deus criador, bom e perfeito, de forma alguma conseguimos agradá-lo, pois sentimos sua ira pesar sobre nós, e claramente seremos condenados por nossos constantes delitos. E como diziam os homens de Judá nos tempos de Jeremias, ainda se diz: Não há esperança, porque andaremos segundo as nossas imaginações; e cada um fará segundo o propósito do seu mau coração.” (Jer. 18: 12)

Para os antigos esses pensamentos também eram a realidade apresentada, a solução e esperança conhecida era a lei, e a maior expectativa de certo povo era a vinda de um messias libertador, o cumprimento da promessa, um Cristo que guerreasse por eles e mudasse a estrutura do mundo estabelecendo o reino de Deus. Ele veio, mudou estruturas, libertou a muitos e iniciou o reino dos céus de forma visível. Ele iniciou uma revolução ideológica em todo o mundo, e o mais incrível, mais do que ideologicamente, ele ofereceu transformação espiritual, e deu esperança de salvação aos que sempre sentiram necessidade.

“... Cristo em vós, esperança da glória;” (Col.1: 27) “Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” (Hb4: 16), “(Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus.” (Hb7: 19). Cristo foi, e ainda é a única esperança para homens miseráveis e desesperançados se chegarem a Deus.

A esperança não é algo que leva as pessoas a crerem em uma solução para algo, mas sim um produto da fé unida à perseverança. No ponto de vista individual e pessoal, podemos dizer que esperança é algo que nos acompanhará pro resto da vida, se tivermos ao menos um pouco de fé de que as promessas de Deus são perfeitas (falo promessas no ponto de vista geral, não individual), e se cumprirão. Pois a maior promessa que existe é aquela que Jesus fez em Jo.14:3 “virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.”

Um cara que soube exemplificar muitíssimo bem essa questão de esperança e fé foi John Bunyan. Na prisão, por pregar o evangelho, sendo um leigo, ele escreveu sua grande obra “O Peregrino”. Em determinada parte o protagonista, Cristão, passa por uma cidade com seu companheiro, chamado Fiel, e lá, na Feira das Vaidades eles são acusados de perturbar a paz dos cidadãos com doutrinas estranhas. E assim são levados a juízo e presos (injustamente). Fiel é queimado vivo enquanto Cristão permanece no cárcere, daí, um jovem da cidade, auxilia Cristão na fuga e se une a ele pelo resto da jornada. Seu nome é Esperança. Durante a caminhada, rumo à cidade celestial, os dois resolvem ir por um caminho aparentemente mais fácil e acabam sendo capturados pelo gigante Desespero, e aprisionados no Castelo da Dúvida. Então eles passam pela seguinte situação:  

“...E acompanhou-os até à porta do cárcere, dando-lhes muitos açoites. Ali permaneceram tristes todo o dia de sábado, em circunstâncias tão lamentáveis como anteriormente.
Chegada a noite, tornou o gigante a conversar com sua esposa (Desconfiança) acerca dos peregrinos, estranhando que nem os açoites nem os conselhos pudessem dar cabo deles. - Receio, disse a mulher, que nutram a esperança de que venha alguém libertá-los, ou que tenham conseguido alguma chave falsa, por meio da qual esperam evadir-se. Eu amanhã os revistarei, volveu o gigante.

Era perto da meia-noite de sábado quando os nossos peregrinos começaram a orar, continuando ambos em oração até quase ao romper da alvorada.
Momentos antes de amanhecer, rompeu Cristão nestas fervorosas palavras, como se estivesse espavorido: Que louco e que néscio eu sou em estar aqui neste calabouço, quando podia estar gozando a liberdade! Tenho no peito uma chave chamada Promessa que, estou persuadido, poderá abrir todas as fechaduras do castelo da Dúvida. – Sim! Exclamou Esperança: Que boas notícias me dás, irmão; tira pois a chave do teu seio e experimentemos.

Cristão tirou a chave e aplicou à porta da prisão. Instantes depois a fechadura cedia, e a porta abria-se de par em par, com a maior facilidade. Cristão e Esperança saíram.
Chegaram à porta exterior que dava para o pátio do castelo, a qual cedeu com a mesma facilidade...”

Sendo assim, temos pelas escrituras promessas, que nos enchem de esperança, algo que não nos traz confusão, antes confiança, e fé de que seremos libertos da nossa própria corrupção. E pela graça de Cristo, alcançaremos o objetivo para o qual fomos criados, a glória de Deus. Portanto independente do que somos hoje, temos esperança de que o amor e sacrifício de Cristo são suficientes para transformar, e salvar até o pior dos pecadores. 

Sei que as minhas palavras não são suficientes para explicar a esperança que brota de um coração de pedra, mas essa esperança é apenas fruto de uma fé que não se apoia em si mesmo. Vamos ficar com as palavras do apóstolo Paulo: "Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo." (Romanos 15: 13).


Obs.: Recomendo que se leia a carta aos Romanos, e algum dia se sentir vontade, “O Peregrino” de John Bunyan.


Paz,
J. Caetano Jr.
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