sábado, 26 de novembro de 2011

Ser ou não ser... Eis a questão!

"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." (II Coríntios 5: 17)

Primeiro, gostaria de tentar esclarecer a diferença principal entre ser e estar, sem desconsiderar suas semelhanças.  Entendemos o “ser”, como algo além do existencialismo seco, um conjunto de fatores que compõem a identidade de um indivíduo. Fatores de personalidade, classe social, educação, estilo de vida, filosofia etc. Enquanto a condição de “estar”, é somente um dos fatores que compõem e influenciam na identidade de um ser. Podendo ser uma condição física ou até mesmo ideológica. E também o estar, caracteriza-se por ser uma condição de existência, passageira e momentânea. 

Uma coisa completa a outra. Somos feitos, tanto daquilo que temos como indivíduos, desde o nascimento, quanto por fatores externos que passam a fazer parte da nossa identidade como um todo.

O que realmente somos?

Certa vez, li em algum lugar uma frase de C.S.Lewis que dizia: "Você não tem alma. Você é uma alma. Você tem um corpo.". Entendemos essa verdade na bíblia, quando o apóstolo diz que "PORQUE sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus."(II Coríntios 5 : 1). Fica então evidente que, nossa existência vai muito além de um corpo, com todos os traços, conquistas, tragédias, e memórias, felizes e infelizes adquiridas em vida. Tudo isso faz parte sim, compõe aquilo que somos, mas o que realmente somos, apesar de mutável, é eterno. Somos como rochas esculpidas pelo tempo, onde os fatores externos, como a erosão, podem ser escolhidos (em parte) por nós.

Podemos mudar o que somos?

Quando o livro aos Romanos, fala sobre a corrupção humana, o apostolo Paulo, argumenta quanto a corrupção dos judeus e dos gentios, colocando assim todo ser humano num mesmo plano de pecado. “Todos carecem da glória de Deus.” Tornamo-nos criaturas sem afeição natural, até mesmo nossa bondade é movida por egoísmo. Nossas ações mais louváveis são somente isso... Louváveis. Têm aparência de piedade. O homem natural é mal e busca desesperadamente, em sua independência conseguir, por meio da rebelião, um lugar no trono do próprio viver.

Não podemos mudar o que somos por nossa própria vontade. Homem algum conseguiu isso. Não por fatores naturais. Nosso ser vai ser diretamente influenciado por onde estamos. "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é...”. Se alguém está em Cristo, passa a fazer parte dele. Como galhos são apenas galhos, mas fazem parte de uma árvore, e os ramos que não podem dar frutos fora da videira. Assim se estamos em Cristo, nós deixamos de sermos nós mesmos e começamos a fazer parte do corpo de Cristo. Sendo transformados à sua imagem.

E esse tem sido o maior erro da igreja em geral. Seja no campo de testemunho diante da sociedade, ou de posicionamento na obra missionária. O Cristão quer ser um cristão sem fazer parte de Cristo, sem tomar parte nos seus sofrimentos. Queremos pregar transformação através da oba redentora, sem nunca termos sido transformados. Queremos estar “em Cristo”, sem deixarmos de sermos nós mesmos, ou sem sermos afetados diretamente por seu caráter. Não existe a possibilidade de ficar na chuva sem se molhar. Porque se estamos na chuva e não nos molhamos, estamos apenas perto da chuva isolados por algo.

É onde o clero gospel joga na lama o que chamamos de cristianismo. Quando temos uma multidão de pessoas, que alegam estar em Cristo, sem nunca terem sido afetadas por ele. E quando nós, que nos denominamos cristãos, vivemos sem praticar nada daquilo que pregamos. Tratando Deus como um sistema isolado, “aprisionado na torre de marfim da exegese.” *. Ou mesmo quando agimos descuidados, como se Jesus fosse um tipo de Papai Noel, ou Super- avô, que sempre vai passar a mão pela nossa cabeça no final das contas. Conseguimos ser tudo e nada ao mesmo tempo. Somos: teólogos, irmãos de banco, tradicionais, renovados, liberais, apologéticos, calvinistas, pentecostais, leigos, judaizantes, missionários, pop crentes... E por ai vai. Mas na maioria das vezes não somos nem cristãos. É somente um estado de espírito ou estilo de vida. Como galhos e folhas secas têm estilos diferentes de balançar quando fora da árvore.   

Enquanto estivermos sustentados em próprios conhecimentos, confiantes em nossas próprias habilidades e preocupados apenas em estar com Cristo e não em Cristo, seremos para sempre, homens caídos. Carentes da glória de Deus.


"Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;" (Fp.1:6)

*Referência à citação de Brennan Menning em “O Evangelho Maltrapilho”.

Paz,
J. Caetano Jr.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Virtudes



Quarta Feira, 26 de outubro de 2011

Virtudes

Tenho aprendido algumas coisas nesse período de tempo no jiu jitsu. O professor Telmo tem sido uma pessoa de muito boa influência na minha vida. Aqui tenho aprendido lições que transpassam os limites de um tatame, e a filosofia do caminho do guerreiro é algo de extremo valor. Observando uma passagem bíblica eu percebi que um determinado exército, foi movido à vitória por uma outra filosofia; ainda que não elaborada teoricamente, mas praticada com sucesso. Então resolvi examinar melhor algumas virtudes desse exército. Pra ser mais preciso, 7 virtudes, como no Bushido.
Juizes Cap. 7:1-25 e 8:1-4
Esse capitulo do livro de Juizes, conta a história de um povo que foi oprimido por outros exércitos maiores que o dele (Midianitas e Amalequitas). Contudo um homem dentre o povo foi levantado para libertar o povo da escravidão. (Aconselho ler os Capitulos 6 e 7 de Juizes, para melhor compreensão).
Algumas virtudes observadas na história da batalha de Gideão:

      
      1 -    Honra, Glória: Assim como no bushido, os homens que aqui lutavam, tinham em vista a glória; mas não de si mesmos. Por esse motivo Deus tomou para si um povo pequeno e de pouca força, porém determinados, para derrotar um grande exército.  “E disse o SENHOR a Gideão: Muito é o povo que está contigo, para eu dar aos midianitas em sua mão; a fim de que Israel não se glorie contra mim, dizendo: A minha mão me livrou.” (7:2)
      
    2 -  Coragem, Ousadia: Os homens selecionados para vencer na batalha foram os corajosos, por isso os tímidos e covardes foram dispensados; 22 mil, restando somente 10 mil. Agora, pois, apregoa aos ouvidos do povo, dizendo: Quem for medroso e tímido, volte, e retire-se apressadamente das montanhas de Gileade. Então voltaram do povo vinte e dois mil, e dez mil ficaram.”(7: 3)
      
     3 -  Disciplina, Educação: Dentre os 10 mil que restaram, somente 300 homens não se jogaram de joelhos desesperados por água, como mortos de sede. A atitude de beber água abaixando-se e levando a água à boca com a mão, foi considerada por Deus como um sinal de vigilância e educação.  “E fez descer o povo às águas. Então o SENHOR disse a Gideão: Qualquer que lamber as águas com a sua língua, como as lambe o cão, esse porás à parte; como também a todo aquele que se abaixar de joelhos a beber. E foi o número dos que lamberam, levando a mão à boca, trezentos homens; e todo o restante do povo se abaixou de joelhos a beber as águas.” (7: 5 e 6)
       
      4 - Confiança: Os 300 homens restantes, não temeram enfrentar os grandes exércitos, porque confiavam em seu líder e que Deus estava com eles. ”Pelo Senhor e por Gideão!” “E os midianitas, os amalequitas, e todos os filhos do oriente jaziam no vale como gafanhotos em multidão; e eram inumeráveis os seus camelos, como a areia que há na praia do mar.”(7:12)
       
       5 -  Fé: Ainda sabendo que estavam em pequeno número eles acreditaram firmemente que a estratégia de Deus (Apesar de parecer absurda), seria suficiente para a conquista. “Então dividiu os trezentos homens em três companhias; e deu-lhes a cada um, nas suas mãos, buzinas, e cântaros vazios, com tochas neles acesas.”(7:16)
       
     6 -  Unidade na Estratégia: Gideão articulou os 300 em 3 grupos para que agissem simultâneamente, em unidade, com sincronia e estratégia. “E disse-lhes: Olhai para mim, e fazei como eu fizer; e eis que, chegando eu à extremidade do arraial, será que, como eu fizer, assim fareis vós.”
    
    7 -   Perseverança: Após o sucesso da batalha, ainda assim eles perseguiram seus inimigos apesar de cansados, pois eles vivos representavam o risco da nação voltar a ser oprimida. E, como Gideão veio ao Jordão, passou com os trezentos homens que com ele estavam, já cansados, mas ainda perseguindo.”

Então, vendo isso, conscientizo-me da necessidade da disciplina, em todas as áreas da minha vida e espero que algumas coisas sirvam de lição prática na vida, no tatame, e além da vida. Que Deus seja conosco em todas as nossas batalhas; pois ainda que eu tenha tudo isso, e alcance toda a glória pra mim mesmo, perderei a maior das batalhas e guerras. Minha própria vida.



Paz,
J.Caetano Jr.
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