sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Diálogo com o Espelho



Diálogo com o espelho

Sou a mesma tendência ao voraz
Sou raciocínio rápido e forte
Sua decisão decidida e pensada
Sou sem querer, dinamite que explode

Não te ensinei a correr contra o vento?
Que no tempo não se paira suave?
Não sou eu, teu instinto de guerra?
Que na Terra te mantêm bem vivo?

Por acaso fui eu compelido?
Por ti mesmo não fui alimentado?
Então que mal por ti tenho feito?
Se não sou nada além de tu mesmo.

Porque juntaste aos cacos teu amor próprio,
Suicidando assim tuas utopias
Rompendo os pulsos de teus sonhos perdidos
Trazendo-te em vida, dias mais medonhos?

Não sou assim teu lobo por dentro?
Não sou teu outro eu sem medo?


J.Caetano Jr.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Bem-vindo à maquina

Desde os primórdios o ser humano cria facilidades para a vida. Máquinas, ferramentas, coisas que se aplicam ao cotidiano com o intuito de facilitar as atividades do dia-a-dia. O que veio desde a simples ferramenta de cortar carne, tornou-se a complexa máquina computadorizada que seleciona o boi, fatia, mói, faz o hambúrger e coloca na boca do indivíduo(existe essa?).

As revoluções industriais são a consequência dessa busca por facilidade do ser humano. E o que era uma     facilitação da vida, tornou-se uma nova maneira de viver e ver o mundo. A vida tornou-se um sistema complexo e enfadonho. A política, o estado, a economia, meios de adquirir alimento e sobrevivência. Reprodução e contexto familiar. É tudo tão institucionalizado e burocrático que nos perguntamos o que é viver.

Eis a questão. Somos sistemáticos ou nos tornamos sistemáticos? Essa questão social remete aquilo que consideramos mais humano. A desumanização. Parece que o ser humano afasta-se cada vez mais da humanidade por querer se tornar humano(sempre tão paradoxais). Sim, a racionalização de tudo impede-nos de viver uma vida onde desfrutamos da natureza animal. Por sermos humanos, não queremos ser animais. Logo, nos desumanizamos e nos tornamos como as máquinas. 

Se Deus fez o homem sua imagem e semelhança, o homem fez a máquina à imagem do que ele sempre quis ser. Nossa geração pós moderna sabe como ninguém personificar coisas e coisificar pessoas. E sem perceber burocratizamos relacionamentos, classificamos sentimentos e tentamos modificar o mundo ao nosso redor para que não haja dor. Somos uma geração sistemática, burocrática e problemática.

Resta-nos tentar humanizar nossa próxima geração. Mais sentimentos, menos computadores. Mais vida e menos rotina. Resta-nos chorar com a morte de um peixinho ou de um alguém que não conhecíamos. Resta-nos contato humano sem ideias pré-concebidas. Abraços cafunés e chaves de pés. Resta-nos assistir um filme para rir e não para criticar a performance de um ator coadjuvante. 

Sejamos a geração que vive na máquina. Mas não se tornou uma. 


Paz,
J.Caetano Jr.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Desapego


Desapego

Desconstruirei meus murinhos de queixas
Derrubarei meus castelos de areia
Desestruturarei minhas ideias bem feitas
Não derramarei o que corre em minhas veias
Gritarei como aflito a essa vida
Que me ouça ou me deixe à deriva
Desisti de traçar meus trajetos
Desisti de sonhar com projetos
Resolvi não compor mais romances
Nem fazer mais apostas ou lances.
Em pessoas ou planos gigantes
Deixarei ao acaso as respostas
Ao futuro que seja o improvável.
Que o impossível me seja alcançável.
Seja incerto, até mesmo incansável.

Janeiro de 2013
J. Caetano Jr.
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