quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Fins


"Até no riso o coração sente dor e o fim da alegria é tristeza."
[Provérbios. 14:13]


Existem dias em que não se tem companhia, dias sem riso, sem choro, sem nada. Dias rotineiros em que o pensamento como um pássaro aprisionado tenta fugir da mente por meio de tantas ações. Mas não há fuga também. Existem dias sem rumo, dias de fraqueza e dias em que nada dá certo. Como quando o raciocínio constrói um castelo de respostas para as infindáveis dúvidas da vida, e esses dias destrutivos os derrubam, mostrando que toda a segurança racional do pensamento é feita primordialmente de medo. Existem dias sem escrita, sem leitura e sem beleza. Dias de barulho e de coisas sistemáticas. Dias de máquina, de mágoas e dúvidas. Como quando a fé faz as malas e decide tirar férias, como quando o sol resolve ir também e o brilho da alma vai se ofuscando a cada noite. Nada como um medo após o outro. Nada como um dia a menos e a expectativa de que hajam outros melhores. Nada como um 'feliz dia novo' amanhã e melhor ainda, o fim dele. Porque há um fim para a alegria e juntamente com ela, tem fim a dor. E a esperança de que tudo tenha também um fim. 

Paz,
J.Caetano Jr.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Probleminha com as ideias


O problema das formas ideais é que elas são abstrações. São limitações da imensa e infinita variedade de imperfeições do universo. É uma maneira de estabelecer limites às coisas que não se alcançam tornando-as tangíveis, ou ao menos imagináveis. Dai parte a infinidade de obras artísticas e sonhos dos idealistas que insistem em querer o que não podem ter, ou por alguma ironia da vida são impulsionados a amar as idealizações. Essa relação que se dá entre o ideal interno e o real externo causa uma azia mental e um corroer de ferrugem nos pensamentos que alguns chamam de paixão. Idealizar é ansiar. Ansiar o ideal é ansiedade. É paixão, medo e morte. Tudo ao mesmo tempo. É travar uma guerra interna, de proporções tão desastrosas que os destroços que voam da alma escapam pelas janelas em forma de lágrimas ou por alguma dádiva divina tornam-se coisas belas de se contemplar. Coisas, textos, melodias e imagens. Ah, caso houvesse a chance de não ansiar. Pudera ser racionalista por completo e deixar de lado todas as abstrações sem sentido de um coração atormentado. Poderia não amar e ser humano? Poderia existir e não externar?


J.Caetano Jr.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Sobre: Razão e percepção

Parando pra pensar um pouco sobre a vida e tudo o que ela traz. Com todas as tradições, costumes estranhos, pensamentos, sentimentos e fatos. A vida é estranha (e esquisita ao mesmo tempo). Temos tanto e não temos nada. A posse diante das coisas e o status diante das pessoas é também uma ilusão da nossa percepção. Nada possuímos. Nada sabemos de fato. O que nos acontece com o decorrer dos anos é o que passa a moldar ainda mais a nossa percepção de mundo. De uma forma ou de outra os acontecimentos ou a ansiedade por acontecimentos é o que motiva a nossa permanência no mundo. Não é atoa que pessoas sem perspectivas perdem a vontade de viver.

O que é nossa razão de viver? Há uma razão para viver?

Vivemos numa era que respira um niilismo fatalista. Despreza-se tudo o que se chama por fé. O sobrenatural é rejeitado. Logo, nada que seja além da percepção e razão humana, pode tornar-se influente ou razão de algum posicionamento na vida. Então, o homem paira sem destino num universo surgido ao acaso, rodeado por leis sistemáticas que coincidentemente sustentam o que chamamos de vida. Não há razão, ou fim pelo qual se deva existir, senão a própria existência (que por sinal é um pouco sofrida).

Essa é a nossa percepção. Mas a percepção é em tudo verdadeira? A razão é em tudo infalível? O raciocínio lógico também não depende de uma série de conceitos formados a partir da nossa percepção de mundo?

Creio que no fundo, a vida não se trata de trabalhar ou do que podemos alcançar por meio do trabalho. Não se baseia em realizações de projetos ou conquistas por mérito. Todas essas coisas estão na vida e fazem parte dela mas não são o objetivo da vida. Nem tampouco acredito que viver é um processo de purificação para uma outra realidade futura. Ou que Deus realmente precise de pessoas que tenham chegado a estatura da perfeição para serem membros de seu reino.

Pois se toda a glória murcha e tem fim. Se tudo, afinal é vaidade e desejo vão. Se todo relacionamento é incapaz de satisfazer nosso anseio por amor; ou todo conhecimento é insuficiente para se chegar a verdade; se todo prazer torna-se fadiga e ainda assim buscamos incessantemente e imortalidade ou longevidade. O que buscamos? 

Disse Santo Agostinho: "Fizeste-nos, Senhor, para ti, e nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti.

Mas que não seja necessário o fim das contas para descobrir que todas as coisas fluem para um mesmo fim. A glória eterna, perfeita e imutável que nos atrai. Deus.

Amém.

J. Caetano Jr.



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