quinta-feira, 23 de junho de 2011

Sobre: Deus, pão, cebolas e bezerros

A bíblia está cheia de histórias e exemplos de fatos úteis, que acabam seguindo em paralelo com outras histórias. Seja na própria bíblia ou no cotidiano. Esses paralelos não são mera repetição, mas sim exemplos de aplicação da palavra viva.

Existem duas histórias bíblicas que podem ser colocadas paralelas, e se assemelham em muitos pontos, no ponto de vista do que será observado aqui. Uma se passa no êxodo, com Moisés, e outra no evangelho de João, com Jesus, Pedro e os discípulos. Em ambas as histórias, vemos Deus entregando e propondo aliança com o povo, uma proposta de ser seu Deus, seu sustento e vida, objetivo e principal aspiração. 

No primeiro caso, vemos que enquanto o Senhor fala com Moisés, entregando-lhe as leis, o povo esquece-se de seu compromisso, volta-se contra Deus, e fazendo um bezerro de ouro para adorar (Êxodo 32:1-10). Mais a frente o mesmo povo despreza o Deus que os prometeu sustento e realizou grades maravilhas, livrando-os da escravidão, e o põe a prova (Êxodo17), duvidando dEle por várias vezes, reclamando pela falta de água e de pão, desejando carne (Êxodo 16:1-12) e sentindo saudades das cebolas do Egito(Núneros 11:15). Em contraste com o egocentrismo e vaidade do povo, vemos Moisés, pedindo a Deus uma só coisa: “Agora, pois, se tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber o teu caminho, e conhecer-te-ei, para que ache graça aos teus olhos; e considera que esta nação é o teu povo... Se tu mesmo não fores conosco, não nos faças subir daqui...” Como quem não quer nada, Moisés se achega a Deus, desejando sua presença, se importando com o caminho da vontade de Deus, até que declara abertamente: “...Rogo-te que me mostres a tua glória.” Suplicando e ansiando pela presença do Eterno, as necessidades e bênçãos passam a ser só um detalhe da caminhada. Moisés acabava de se declarar, era a Deus que ele queria e não as cebolas.

No segundo caso, vemos Jesus fazer o sinal da multiplicação dos pães (João 6), e ser aclamado como  o profeta (João 6:14), o queridinho das multidões da época, e “o cara” dos milagres. Sua popularidade cresceu, e com a mesma velocidade que caiu ao fazer o discurso sobre o verdadeiro pão, sobre seu corpo e sangue: “na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes... Eu sou o pão da vida... Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele... O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida.” Enquanto o povo e alguns de seus discípulos se retiravam tristes e pesarosos pelas palavras duras de Jesus. Ele irou-se. A cena do êxodo se repetia. “Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?” Mas ouvindo isso, o mesmo sentimento de Moisés fez Pedro afirmar: “... Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente.”


Moisés e Pedro estavam entre o pão e Deus, e desejaram a Deus. Mais do que as bênçãos ou as necessidades que tinham, eles sabiam que no fundo de seu ser nada disso poderia se comparar com a o simples contemplar da glória de Deus ou com as palavras e ensinamentos do mestre.
Eles, assim como tantos outros homens, entenderam o significado de sua existência. Não é apenas “como me sinto” que realmente importa, mas sim, fazer a vontade daquele que me criou. Não só por fazer, mas por entender, que a vontade dEle é boa, perfeita e agradável. Por entender que a vontade dEle é nos ter por perto e nos fazer semelhantes a Ele, ainda que algumas coisas pareçam difíceis ou contrariem nossa vontade.

Mas a grande recompensa é o conhecimento de sua glória, nossa origem, nosso alvo, o que nos move.  
A glória de Deus, da qual estamos ausentes, enquanto vivemos nesse tabernáculo terreno (2Cor. 5:6), foi revelada em Cristo, a imagem de Deus pai, e hoje, se revela pelo Espírito Santo, o penhor da Salvação, nos aperfeiçoando à sua imagem. E por essa glória devemos ansiar com todas as forças. Não é só uma questão de objetivos e de sentimentos, é uma questão de amar a Deus. Cumprir o primeiro grande mandamento não se realiza por meio de esforços. Os grandes heróis da fé não se esforçavam para amar a Deus, eles simplesmente amavam a Deus, e compreendiam que a coisa mais importante do momento era Ele. Apesar de tantas falhas e pecados, eles não se intimidavam, pois sua aspiração era Deus.

Como a mulher pecadora que lavou os pés de Jesus com lágrimas (Lc.7), e o salmista decepcionado do Salmo73, que afirmou categoricamente: “... a minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração, e a minha porção para sempre.” Ou o ex-fariseu, perseguidor da igreja, que disse: “Mas o que para mim era ganho, reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo,...(Fp.3: 5-8)”


Amar a Deus é a chave que tem por evidência a autonegação. O ato de tomar a cruz e segui-lo deixa de ser tão doloroso quando se vê mais a frente, sua glória. Tomar sobre si a sua vergonha, e ir ao calvário se fazendo maldição é o prazer daqueles que almejam a excelência do conhecimento de Cristo. Almejemos sua glória, desejemos ardentemente sua majestade, e que as evidências do amor por Cristo, se materializem em cruz, na vida todos nós.






Obs.: Leiam os versículos citados ao longo do texto, é sempre bom conferir.



Paz,
J.Caetano Jr
  



2 comentários:

  1. Opa...
    boas comparações
    Ah a nova logo ficou boa...Parabéns

    ass. Pablo Melqui

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  2. Realmente, precisamos ser mais espirituais e entender que o viver é Cristo. Que Deus nos ajude!

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Fiquem a vontade... Não paga.

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