sexta-feira, 25 de maio de 2012

Souvenir

O escarlate brilhante dos lábios cheirosos da dama confunde-se com o rubro estampado na sala, na camisa e na face do rapaz. Três tiros, gritos e mais nenhuma palavra. Assim findou-se a discussão que se iniciara sem argumentos lógicos.

Explicações sem nexo e gaguejar na fala não conservam a vida de ninguém diante da ira enciumada de um homem traído. O que era o prazer diante da dor e da própria morte?  O que era a vergonha de ser achado indigno? Foram os últimos pensamentos racionais de uma razão que perdera momento em que fixou os olhos na sedutora ilusão. Descobrira quão amargo é o fim do vinho doce que ela lhe oferecera.

Experimentara a agudez das setas que se lançaram no coração. Caminhou para a morte como um boi ao matadouro. Tarde demais para reconhecer que a experiência de ser reconhecido como um trofeuzinho nas mãos de uma louca não possui valor algum. Tornara-se descartável, apenas uma conquista. Só mais um Souvenir.

[Provérbios 7:5-27]

Um comentário:

Fiquem a vontade... Não paga.

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