
E a posse? Ah, a ilusão da posse. Eu tinha tudo em minhas mãos, todos os planos, os trajetos os tempos e contratempos. Tudo parecia tão sob controle. Até que o inesperado revela que não há controle de nada. O controle é uma ilusão, a posse é uma ilusão. O inesperado sempre revela coisas. Revela palavras vazias ou carregadas de amargura. Revela o tamanho de nossa coragem em enfrentar a tragédia, ou o tamanho da nossa frouxura. Revela o nosso amor, e o nosso falso amor. A raiva, e o quanto suportamos ser tentados.
Mas a duvida? O temor? Todo o 'não saber o que fazer' que existe na terra. Essas são as piores situações que se pode estar em meio a uma guerra. De repente, quem sabe, nos sobrevem uma derrota iminente? Uma tragédia esperada? Uma bala na cabeça ou quem sabe, nada? A sensação do nada é péssima pra quem sempre espera um acontecimento.
No momento em que não se enxerga nada, é melhor não fazer nada. No momento da indecisão é melhor decidir por esperar a visão voltar.
Posso ouvir os gritos dos desesperados. Posso sentir o cheiro dos gases toxicos invadindo as entranhas e comendo o juizo dos afetados. Onde existe destruição não há como apelar. Tudo é inesperado. Tudo é repentino. Às cegas é tão dificil ter confiança. Não posso ser tomado pelo desespero. Não agora. Nunca.
Uma mão toca meu ombro e de repente alguém me diz: "Estou aqui. Confie em mim, vamos sair juntos dessa."
Ouço vozes: Organizaar!
Ouço vozes: Organizaar!
E então uma luz de esperança se acende em meu coração. Sei que apesar de tudo o que possa acontecer, posso confiar nalguma unidade. Talvez a unica em que fosse digna de confiança durante toda a vida. Sei que apesar de todos as falhas humanas, e de sempre haver uma granada sem pino no peito de cada ser existente. Fui amado. Sou amado. Posso amar. E não preciso jogar essa granada.
Cp. Esperançoso, 21°Pelotão de Infantaria do Exercito Maltrapilho.
Em campanha rumo à Cidade Celestial.
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