"Sonhei com aves que circulavam
Em uma elipse mal traçada
Sem liberdade, também sonhava
A agonizante revoada
Focadas em nada, procuravam
De olhos, lágrimas derramadas
E em fome algumas morriam
Batendo asas desesperadas
Voltem aqui, guardiãs da agonia
Devolvam rápido, minha pouca paz
Minha lucidez e sanidade
E o que resta da minha alegria
Pois, já não basta comerdes minhas carnes
E beberdes meus versos bêbados...
Se dos meus medos, eu mesmo bebo,
Porque insistem, em extrair-me partes?
Porque me enganam? Essas aves...
Saturando rimas egoistas,
E me inspiram a essas rimas
Fantasiosas, vulgares artes.
Dissocio-me à normalidade
Flutuando alto com os pássaros
Assentido caio, como um covarde!
De volta a terra arrasto passos.
Um grifo arrancou-me os pedaços!
E o que sofre o poeta, não o importa
Pois dizem: temos a força das
Valquírias, queremos apenas sua poesia,
Das fênix apenas a ressureição
Do ar, puramente a leveza
Da-nos do gelo, dura frieza
Do Cristo, somente a redenção
Hoje de volta a realidade
-Pois quem não voa vai pelo chão-
Feito pardal de asa quebrada...
Voei meu sonho, caí canção
Se não morrer, que eu viva então,
Gozando da vida as coisas boas...
Ou perca a mesma, diligente
Dignamente, como Sansão
Na Babilônia pós-moderna
Em meio a música e barulho
Sejam Dagom e as filistéias
Comigo então, um mesmo entulho."
J.Caetano Jr.
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